Depois dos indícios de irregularidades encontradas durante fiscalizações realizadas pelo Instituto OPS nos bilhetes de passagens aéreas do deputado Tiririca (PL-SP), e das representações feitas contra o parlamentar no TCU e MPF, o parlamentar confessou que fez viagens para visitar familiares com dinheiro público.
Até a conclusão das auditorias da OPS, ficou constatado que o deputado visitou Fortaleza 35 vezes, o que havia somado mais de R$ 70 mil. No entanto, outros R$ 39 mil foram lançados no mês seguinte, totalizando mais de R$ 100 mil.
O Instituto OPS questionou a Câmara sobre as viagens, e esta, por sua vez, pediu esclarecimentos a Tiririca que confessou ter comprado as passagens para Fortaleza para visitar familiares. “Justamente em razão da atual residência de minha família em Fortaleza/CE, que acredito ser transitória, as passagens aéreas emitidas neste ano referem-se ao trecho Brasília/Fortaleza”. O uso da cota para fins particulares é proibido pelo regimento interno da Câmara.
Segundo Tiririca, muito embora tenha fixado residência há muitos anos na cidade de São Paulo, ele é “cidadão cearense nascido em Itapipoca” e tem sua família por lá. O deputado justifica seus deslocamentos como sendo algo previsto no regimento, no entanto, o ato da mesa diretora que trata do assunto permite gastos “exclusivamente vinculados ao exercício da atividade parlamentar”.
A mesa diretora da Casa explica que não é vedado o uso da cota em viagens nacionais, independentemente do destino escolhido pelo parlamentar, desde que a viagem tenha relação com o mandato.
Em outubro o Instituto OPS denunciou o deputado do PL à Câmara, ao Ministério Público Federal e ao Tribunal de Contas da União (TCU), o que gerou reportagens do Congresso em Foco e da revista Época. Tiririca recebe salário de R$ 33,7 mil e tem uma verba de mais de R$ 37 mil para gastar com passagens e outras despesas atreladas ao exercício do mandato, além de auxílio-moradia de R$ 4,2 mil.